Embora seja um tema delicado, a morte pode ser encarada com naturalidade desde a infância, bastando que os adultos abordem a questão de forma clara perante os pequenos.
De acordo com especialistas em psicologia, as crianças percebem a morte de maneiras distintas conforme a idade e o estágio de desenvolvimento. Antes dos cinco anos, os meninos e meninas podem acreditar que a morte é um acontecimento temporário, não compreendendo o caráter irreversível de um falecimento.
“É comum, por exemplo, que elas pensem que a pessoa está só dormindo ou viajando e por isso voltará” — esclarece Débora Moss — neuropsicóloga mestre pela Universidade de São Paulo (USP).
Para evitar ilusões e interpretações equivocadas, o ideal é explicar à criança o significado da morte, utilizando uma linguagem acessível e verdadeira. Veja, a seguir, algumas dicas de como tratar o tema com os pequenos:
Dizer apenas que o vovô foi “morar com o papai do céu” ou “virou estrelinha” pode gerar confusões. Como a criança tem o raciocínio concreto, essas metáforas acabam reforçando a ideia de que o falecido só foi para outro lugar. O mais recomendado é dizer a verdade: “Filho, o vovô morreu. Ele não está mais entre nós. Mas ficarão as lembranças”.
Se houver questionamentos acerca da morte, basta explicar em uma linguagem que a criança entenda. Você pode, por exemplo, esclarecer que a morte é o fim da vida, relembrando filmes infantis nos quais há o falecimento de um personagem.
Aposte sempre no diálogo e evite esconder o falecimento. Se algum ente querido morreu, permita que o pequeno se inteire do fato e participe dos rituais de despedida.
Não tente omitir a situação, pois a criança consegue perceber o clima póstumo no ambiente e o sentimento de dor dos familiares. O ideal, portanto, é explicar o ocorrido e deixar que o pequeno elabore o luto à sua maneira.
Histórias literárias podem ajudar no entendimento sobre a morte. Isto porque, em muitos enredos, a criança compreende com mais facilidade o significado de um falecimento e se identifica com as sensações vividas pelos personagens.
A leitura deve ser feita com delicadeza, podendo ser compartilhada com outras crianças e até adultos. Descubra, abaixo, algumas indicações de livros sobre perda, adoecimento e morte:
A operação de Lili — Rubem Alves
O medo da sementinha — Rubem Alves
A história de uma folha — Leo Buscaglia
Cadê meu Avô? — Lídia Izecson de Carvalho
Conversando sobre a morte: manual de leitura — Carla Codani Hisatugo
O dia em que o passarinho não cantou — Luciana Mazorra & Valéria Tinoco
Quando seus avós morrem — Victória Ryan
Algumas crianças podem não assimilar a partida de um ente querido e acabar sofrendo com alterações no sono, mudança de comportamento, perda de apetite e propensão à ansiedade. Nesses casos, é importante buscar apoio psicológico, de modo a recuperar o bem-estar do pequeno.
Durante as consultas, o psicólogo pode aplicar técnicas de ludoterapia, utilizando desenhos e atividades lúdicas para que a criança expresse seus sentimentos sobre o luto e reverta os sintomas psicossomáticos.
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